Um olhar para a velhice e seus impactos é vem tendo constantes enfoques na filmografia atual. Tanto que Amor, de Michael Haneke, que trata exatamente disso, foi o ganhador da Palma de Ouro em Cannes desse ano.
E outro filme que trata disso é exatamente O Exótico Hotel Marigold, com direção de John Madden, mesmo diretor de Shakespeare Apaixonado.
No filme, os aposentados Muriel (Maggie Smith), Douglas (Bill Nighy), Evelyn (Judi
Dench), Graham (Tom Wilkinson) e mais três pessoas decidem aproveitar a
aposentadoria em um lugar diferente e o destino é a Índia. Encantados com o
exotismo do local e com imagens do recém restaurado Hotel Marigold, o grupo, que se encontra primeiramente no aeroporto, para lá vão e são recebidos pelo jovem sonhador
Sonny (Dev Patel), protagonista de Quem quer ser um milionário.
Todos têm histórias bem distintas e são contadas de forma muito rápida no início do filme, haja vista que o foco é justamente a chegada dos mesmos ao dito hotel. Muriel foi a governanta da casa de uma família durante muitos anos, mas quando a velhice começou a atrapalhar seus afazeres diários, teve que se aposentar e dar lugar a alguém mais jovem. Além disso, ela tem problemas no quadril e precisará ser operada, visto que mal consegue andar.
No hospital, logo no início do filme, ela manifesta seu racismo com pessoas negras, em especial, com um médico negro que a atenderia. Nesse sentido, talvez pudesse ficar reservado a Muriel algumas das melhores passagens do filme - em virtude da discussão do seu racismo, etc, mas essa expectativa não se cumpre. Ao mesmo tempo que manifesta seu racismo frente a um médico de origem indiana, ela não reluta muito em ir fazer uma cirurgia na Índia, onde o tempo de espera para tal procedimento seria imediato, enquanto que nos EUA ela ficaria na lista de espera.
Douglas e sua mulher vão para a Índia para comemorar os 40 anos de casados, embora não pareçam muito sintonizados um com o outro. Evelyn perdeu o marido há pouco tempo e busca realizar atividades pra preencher o tempo. Navegando pela internet, descobre o hotel Marigold, que promete tudo do bom e do melhor. Paralelo a isso, ela não se conforma com o atendimento das pessoas de suporte técnico e nem das de telemarketing e aqui vemos certa crítica à "robotização" desses serviços.
Graham viaja para a Índia em busca do reencontro de um grande amor, enquanto que Judith (Lucy Robinson) e Norman (Ronald Pickup) querem apenas aliviar a solidão e encontrar novos parceiros.
Como disse, a motivação dos personagens na escolha pela Índia é muito rápida e não muito eficiente, pois são nos deixa compreender bem suas razões em ir pra lá, especificamente, quando poderiam ir pra qualquer outro lugar.
Evelyn, por sua vez, interpretada pela majestosa Judi Dench, é alguém que tinha muitos problemas na utilização do computador, mas acaba criando um blog pra detalhar a viagem. Se ela tinha dificuldades com tarefas básicas na informática, como criaria um blog sozinha? Pequenos detalhes realmente contam.
O fato de ter se optado por não mostrar o voo, a situação deles dentro do avião, na minha concepção, foi equivocada. Pular esse momento nos fez perder um pouco da conexão com o filme em si. Já no hotel, os personagens são muito condescendentes com as suas condições (do hotel), quem em nada lembram o que se esperavam e o que fora comprado. Histórias paralelas se formam e a mais interessante é a de Graham, que guarda um segredo com relação ao amor que foi procurar na viagem. O fato de Evelyn ir trabalhar em uma empresa de telemarketing na Índia está mais para o clichê do "eu te ajudo pra você me ajudar".
O romance entre Sonny (em um papel muito caricato) com Madge (Celia Imrie) também não sai do lugar comum e é desnecessário no contexto da narrativa, que deveria ter mantido foco integral na vida dos visitantes do hotel, sem querer fazer esse pararelo com a história de pessoas mais jovens - talvez para contrastar as gerações.
O final é previsível, assim como todo o filme, salvo com algumas surpresas que acontecem no seu decorrer e com as aparições de personagens secundários - Judith e Norman. Não que seja um filme de todo ruim, pois há alguns momentos bons e engraçados. Porém, com o propósito de ser uma comédia, não traz nada de novo e, salvo raros momentos, não empolga.
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