domingo, 1 de setembro de 2013

Bling Ring ou "o retrato da juventude entediada"

Hoje finalmente fui assistir Bling Ring, novo filme de Sofia Coppola. Fui no Playarte Bristol do Center 3, na boa sala 2 do complexo. Paguei R$ 24 por duas meia entradas - sim, acho caro, mas como não encontrava um torrent confiável.... - e gostei muito do que vi!

A juventude meio perdida e entediada, que marca a temática de todos os filmes de Sofia - Virgens Suicidas, Encontros e Desencontros, Maria Antonia, Um Lugar Qualquer - não se deixa escapar em Bling Ring. Na verdade, acho que é neste que a sua visão da atual juventude se expressa com afinco e com absurda e infeliz realidade.

O filme é sobre um grupo de jovens que roubaram casas de celebridades nos EUA - sim, caso real. Paris Hilton, Megan Fox e Lindsay Lohan foram algumas das vítimas. Faziam isso pelo delírio consumista, por se sentirem melhores quando possuiam as melhores marcas e quando conseguiam muito dinheiro. Acima de tudo, faziam isso para se alçarem a um status semelhante ao de suas celebridades preferidas. Junto com as bolsas Louis Vuitton, Chanel, etc., o consumo de drogas e álcool vêm junto como "brinde", tornando o caos já estabelecido em algo cada vez pior.

Sofia nos mostra o vazio extenuante e sufocante da geração touch, em que tudo vem e vai muito rápido, em que não se há mais muito valor nas vivência entre as pessoas, mas tão somente no consumo e ostentação, além da busca por milhares "curtir" e "retweet" no Facebook e Twitter, respectivamente. O tédio é frequente, justamente porque o objetivo é sempre mais, materialmente falando. 

E sabemos que, com relação a esse pensamento norteador, os jovens americanos não são muito diferentes dos muitos jovens brasileiros que cantam com louvor as músicas do "funk ostentação", onde o mais relevante é cada vez mais "ter" do que "ser", pois, afinal, hoje em dia você só é algo se você tem alguma coisa - o efeito rotulador é enlouquecedor, pois parecemos meros produtos que devem ser etiquetados para preencher o vazio de uma prateleira, para que, enfim, possamos ser escolhidos e aceitos pelos outros. Triste.

Enfim, o filme é regularmente construído, mostrando o surgimento e declínio do grupo. Um filme importante pra todos, especialmente para os minimalistas e educadores, para que possamos identificar e buscar meios de lidar com esse grande mal.