Em Grenoble, sudeste da França, a obra se inicia com uma mulher - gerente de um clube de tênis - que narra os trágicos acontecimentos que se sucederam quando um homem casado - Bernard (Gèrard Depardieu) - tem novos vizinhos e é surpreendido ao ver que a mulher do novo inquilino, Mathilde (Fanny Ardant), já esteve envolvida com ele, há oito anos atrás, em uma relação tumultuada e doentia.
Ambos se comportam como se estivessem se conhecendo naquele instante, deixando claro, entretanto, que Bernard não quer manter qualquer tipo de contato com Mathilde. Mas, em pouco tempo, o caso deles é reiniciado - primeiro, como um ajuste de contas, depois, como amantes. Durante uma festa ele perde o total controle da situação e o fato deles terem sido amantes no passado vem à tona, deixando toda a situação mais tensa.
Sentimos como é duro e impiedoso esse amor entre Bernard e Mathilde, haja visto que atravessa até mesmo a felicidade que Bernard tem com sua família até então - é casado com a jovem e bonita Arlette (Michèlle Baumgartner), com quem tem um filho, Thomas (Olivier Becquaert) -, a qual é sobreposta. Mathilde também não tinha uma vida infeliz e era casada agora com Philippe Bauchard (Henri Garcin). Ou seja, não se trata de pessoas que não amavam seus parceiros. Talvez o amor que nutriam por seus respectivos companheiros era o amor saudável, ideal para a manutenção de uma relação. Já o amor que nutriam um pelo outro era destrutivo e que nunca iria se firmar.
Mas não é no enredo que está a melhor qualidade do filme, e sim no modo como François Truffaut o desenvolve. A história é narrada pela presidente do clube de tênis da cidade (Véronique Silver). Ela mesma marcada por uma paixão do passado que lhe deixou marcas pra sempre. Esse é o ponto de partida para o diretor conduzir a trama de maneira arrebatadora.
Apesar da tensão que envolve as personagens, elas se comportam com leveza. Pelo menos socialmente. Na intimidade, deixam a atração aflorar. Fanny Ardant e Gèrard Depardieu, jovens, atraentes, bonitos e elegantes, esbanjam talento e sensualidade. A Mulher do Lado marcava o início de brilhante carreira cinematográfica para os dois.
Depois desse, François Truffaut fez apenas um filme: “De Repente, Num Domingo (Vivement Dimanche), haja vista sua morte prematura em 1984, vítima de um tumor cerebral.
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