quinta-feira, 31 de maio de 2012

Habemus Papam

O início do filme logo nos mostra que João Paulo II acaba de falecer e o Vaticano deve realizar o seu conclave para escolher o novo papa.

Há favoritos vindos da América do Sul, da Alemanha, da Itália, mas, ao final, há uma surpresa na escolha de alguém que despontou apenas no final da votação (aqui é possível se perceber uma certa crítica ao método dessa escolha, uma vez que o processo é tortuoso, havendo perda na contagem de votos, o que seria inconcebível mesmo na escolha de uma ganhadora no desfile de carnaval).

A escolha foi um senhor chamado chamado Melville (Michel Piccoli). O problema é que Melville não está preparado para ser o novo papa, embora aceite, num primeiro momento, o desafio, mesmo que hesitante.

A trama do filme transcorre durante os dias de incerteza em que o escolhido, depois de um ataque de pânico que o impediu de assumir publicamente o papado, consegue fugir pelas ruas de Roma, enquanto o restante dos cardeais fica preso no Vaticano - afinal, até que o conclave se consume, a Igreja proíbe seus membros de deixar a Santa Sé.

Chamado para entender o que aflige o papa, um famoso psicanalista (papel de Moretti) termina também cativo no Vaticano.

O grande problema é que o filme não se firma solidamente. Não nos identificamos com Melville, que fica questionando sua capacidade em assumir tamanha responsabilidade, mas não renuncia logo ao posto, para que seja substituido por quem queira, de fato, o mesmo. Também pensei que a trama fosse ficar mais presa aos diálogos entre o novo papa e o psicanalista, o que poderia gerar intensos debates interessantes sobre a religião e o papel da igreja e mesmo do papa, dado o ateísmo do personagem do psicanalista e do diretor Nanni Moretti. Mas isso não ocorre.

O que acontece é a busca chata do novo papa em alcançar não se sabe o quê. O que de mais interessante acontece somente  nas cenas de enclausuramente do psicanalista com os outros cardeais, figurando aquele até como inusitado árbitro em um também inusitado campeonato de volei dos pontífices.

Mas, enfim, nada agrada realmente e até mesmo o final se torna previsível e chato.

A Delicadeza do Amor

Adaptação do bem sucedido romance do escritor francês David Foenkinos, que assina também a direção ao lado de seu irmão Stéphane Foenkinos, o filme conta a história de Nathalie (Audrey Tautou, de O fabuloso destino de Amélie Poulain), uma moça que iniciamente entrega guia de peças teatrais e namora François (Pio Marmaï, de O primeiro dia do resto de sua vida), sendo que posteriormente se casam e vivem uma vida deliciosa e apaixonada, encontrando Nathalie também seu caminho profissional nesse meio tempo.

Porém, num acidente ela perde o marido, que havia saido para ocorrer e, pelo que tudo indica, foi atropelado, vê-se sem chão após o trágico evento. Depositando as energias em seu emprego e nos raros encontros com sua melhor amiga, Nathalie ignora por três anos quaisquer possibilidades de romance.

Um dia, sem mais nem menos, como que numa espécie de transe, ela beija o homem mais inesperado - seu colega de trabalho sueco, Markus (François Damiens, ator de Como Arrasar um Coração). Juntos, Nathalie e Markus embarcam numa jornada emocional, que suscita todos os tipos de questões e hostilidade no trabalho e pelos amigos e colegas de Nathalie.

Sem dúvidas, o personagem de Markus é responsável pela engrenagem do filme após o primeiro ato, período de luto de Nathalie, mais carregado de drama. Markus é a personificação de um homem excêntrico: é  esquisito, possui um trabalho burocrático e sem graça, tal qual suas roupas. Entretanto, revela-se um verdadeiro gentleman, um homem sensível (com potencial para poeta) e engraçado, mas que sofre preconceito por sua aparência.

E é por esse homem por quem, lentamente, Nathalie se apaixona.

O adjetivo contido no nome do filme faz jus a ele em todos os aspectos. A delicadeza do amor é, verdadeiramente, delicado. Muito disso se deve à apresentação de seus personagens, feita com profundidade, leveza e uma excelente dose de comédia: o foco do filme são Nathalie e Markus - que dividem o protagonismo de maneira bastante equilibrada, ainda que a história se inicie a partir da moça -, mas se percebe com facilidade que, em geral, conhecemos cada um deles eles em sua essência. Qualidades, defeitos, momentos de fraqueza e de glória, os integrantes desta história são plenos, não há disfarces em sua caracterização.

Um filme francês por essencia, em resumo, tendo como foco as relações humanas. Dramático, engraçado, obviamente delicado e sensível, é assim que enxerguei esse ótimo filme, que traz de volta uma ótima atuação da Audrey Tautou.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Modigliani: Imagens de uma Vida

Atualmente, encontra-se em exposição no Masp a mostra Modigliani: Imagens de uma Vida, com todo o histórico sobre a vida e obra de Amadeo Modigliani, pintor, desenhista e escultor nascido em Livorno, na  Itália e radicado em Paris, na França.

A mostra é interessantíssima e aborda diferentes períodos: o início na Italía, a vida em Paris, a influência de diversos outros artistas em sua obra, a pobreza, a saúde sempre debilitada e suas mulheres, além de sua morte e o consequente suicídio de sua esposa, grávida de oito meses.

Sua obra é habitualmente marcada por mulheres esguias, pescoços alongados e olhos amendoados.

Por meio de 37 obras originais – sendo 11 pinturas, 22 desenhos e 5 esculturas –, 22 peças produzidas pela mulher Jeanne Hébuterne e pelos amigos e 200 documentos (como manuscritos, diários, cartas e fotografias), a exposição monta uma linha do tempo afetiva para mostrar como vida e obra se misturam na breve, embora profícua, vida do artista italiano do início do século 20.

O maldito, o boêmio e o provocador se transfiguram nas formas quase geométricas e fazem emergir um retrato humano do artista. Com curadoria no Brasil de Olívio Guedes, diretor da Casa Modigliani em São Paulo, e do professor Christian Parisot, presidente do Modigliani Institut Archives Légalés Paris-Roma, a exposição segue para Curitiba no segundo semestre.

Modigliani: Imagens de Uma Vida
Local: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp
Endereço: avenida Paulista, 1.578, Cerqueira César, São Paulo
Data: até 15 de julho
Horário: de terça a domingo, das 11h às 18h; e, às quintas, das 11h às 20h
Entrada: R$ 15 (grátis às terças)


http://www.youtube.com/watch?v=kfBo7AYfTIE