Existem determinados temas que são difíceis de tratar. Três amigos que querem perder a virgindade é um tema já bastante explorado pelo cinema americano, mas se esses três amigos são deficientes físicos, aí tudo fica mais complicado, até mesmo por conta da idiotice do politicamente correto que nos é implantado quando nascemos.É disso que trata Hasta la Vista, dirigido por Geoffrey Enthoven e com roteiro assinado por Pierre De Clercq.
Lars (Gilles De Schrijver) sofre de câncer terminal e está preso a uma cadeira de rodas, Philip (Robrecht Vanden Thoren) é tetraplégico e Josef (Tom Audenaert) está praticamente cego (vê pouco do mundo com a combinação de óculos e uma lupa, e mesmo assim com extrema dificuldade). Suas limitações, no entanto, não os impedem de empreender uma viagem quando descobrem a existência, na Espanha, de um bordel especializado em "pessoas como nós", como define Philip.
Não querem morrer virgens. Naturalmente não podem contar com a colaboração de pais e médicos para tal projeto. Têm de se virar sozinhos. Ou praticamente sozinhos.
O filme é um sucesso justamente em não tratar os personagens como coitados ou pessoas inferiores. São pessoas que apenas têm limitações físicas, mas que não as impedem de tirar sarro um do outro por conta disso. Todos temos nossas limitações, no final das contas.
Se somos solidários com eles na empreitada que resolvem enfrentar, também podemos criticar quando, vestidos com os roupantes de suas deficiências, resolvem gozar de outras pessoas. Mas logo são reprimidos e descobrem que todos os seus atos têm consequências.
O filme conta com o ingrediente de outras pessoas, que tornam a história ainda mais cativante. A irmã de Lars, que não quer saber se ele é doente ou não, em um primeiro momento, mas apenas quer que ele enxugue os pratos, e de Claude, a motorista que conduz os protagonistas à sua jornada. Ambas, no decorrer do filme, se mostram pessoas muitos doces.
Ainda é incrível pra mim quando em determinada cena os três aparecem sem suas deficiências, nos mostrando a possibilidade de atuações incríveis dos atores, em especial o que interpreta Philip, que é tetraplégico na obra.
Talvez o filme pudesse ter terminado na cena em que Philip encontra Lars pela manhã na praia, em meio às ondas, dando um caráter menos esperançoso ao filme. Mas talvez, de qualquer modo, a esperança, não só pra eles como pra todos, seja, de fato, necessária.
Enfim, Hasta la Vista é uma poesia do cinema moderno.Obrigatório.
IMDB - Hasta la Vista
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