quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os amantes passageiros (Los amantes pasajeros)

Como já muito se disse, "Os amantes passageiros" é, talvez, o pior filme do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o que, digamos, é uma surpresa, haja vista que esse grande erro cinematográfico surge no momento de maturidade de sua obra. Como Pedro conseguiu realizar grandes obras como "Volver", "Abraços Partidos" e "A pele que habito", sem falar dos excepcionais "Fale com Ela" e "Tudo sobre minha mãe", e agora descambar para essa chanchada horrível?


Almodóvar usa aqui um trio de protagonistas como centro de referência de um painel mais amplo. Javier Cámara, Carlos Aceres e Raúl Arévalo são os comissários de bordo de um voo entre Madri e a Cidade do México, que precisa fazer um pouso forçado devido a um problema técnico causado na primeira parte da trama - e, talvez, a única que se salva de todo o filme, em que participam de forma relâmpago os atores almodovarianos por excelência: Penélope Cruz e Antonio Banderas. 

A situação extrema motiva confissões dos passageiros da primeira classe, tentativa de fazer emergir do caos uma nota irônica sobre a sociedade contemporânea, espanhola em particular.

Sempre há transgressão nos temas propostos por Almodóvar, mas no caso de "Os amantes ...", essa transgressão fica limitada a uma tentativa tosca de desmistificação do sexo, em particular dos homossexuais, totalmente estereotipados - teria Almodóvar visto os filmes dirigidos pela Julie Delpy ultimamente?

Enfim, Os Amantes Passageiros podia ser um retorno bem-sucedido de Almodóvar às origens (vale lembrar que o pouso forçado se dá na região de Castilla-La Mancha, onde o cineasta nasceu), porém o filme não se encontra em nenhum momento e seus pouco mais de 80 minutos tornam-se enfadonhos e difíceis de aguentar.


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