O início do filme logo nos mostra que João Paulo II acaba de falecer e o
Vaticano deve realizar o seu conclave para escolher o novo papa.
Há
favoritos vindos da América do Sul, da Alemanha, da Itália, mas, ao final, há uma surpresa na escolha de alguém que despontou apenas no final da votação (aqui é possível se perceber uma certa crítica ao método dessa escolha, uma vez que o processo é tortuoso, havendo perda na contagem de votos, o que seria inconcebível mesmo na escolha de uma ganhadora no desfile de carnaval).
A escolha foi um senhor chamado chamado Melville (Michel Piccoli). O problema é que Melville não está preparado para ser o novo papa, embora aceite, num primeiro momento, o desafio, mesmo que hesitante.
A trama do filme transcorre durante os dias de incerteza em que o
escolhido, depois de um ataque de pânico que o impediu de assumir
publicamente o papado, consegue fugir pelas ruas de Roma, enquanto o
restante dos cardeais fica preso no Vaticano - afinal, até que o
conclave se consume, a Igreja proíbe seus membros de deixar a Santa
Sé.
Chamado para entender o que aflige o papa, um famoso psicanalista
(papel de Moretti) termina também cativo no Vaticano.
O grande problema é que o filme não se firma solidamente. Não nos identificamos com Melville, que fica questionando sua capacidade em assumir tamanha responsabilidade, mas não renuncia logo ao posto, para que seja substituido por quem queira, de fato, o mesmo. Também pensei que a trama fosse ficar mais presa aos diálogos entre o novo papa e o psicanalista, o que poderia gerar intensos debates interessantes sobre a religião e o papel da igreja e mesmo do papa, dado o ateísmo do personagem do psicanalista e do diretor Nanni Moretti. Mas isso não ocorre.
O que acontece é a busca chata do novo papa em alcançar não se sabe o quê. O que de mais interessante acontece somente nas cenas de enclausuramente do psicanalista com os outros cardeais, figurando aquele até como inusitado árbitro em um também inusitado campeonato de volei dos pontífices.
Mas, enfim, nada agrada realmente e até mesmo o final se torna previsível e chato.

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